quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Projeto de Arquitetura.

O Projeto de Arquitetura.

O que deveria ser objeto de estudos e propostas tem sido muitas vezes motivo de desavenças, concorrências nada transparentes entre micros, médios e macro escritórios de arquitetura.

O projeto deveria ser o resultado do grau da competência do profissional que o elaborou e seu valor estaria dentro do parâmetro do "valor ético" e do “limite razoável” de referencia (as chamadas tabelas dos CREAs e IABs), como um produto confiável, criativo e de qualidade, a um preço acessível. Mas este “valor ético” do produto que não é definido pela categoria (deveria ser, mas não é) e sim pelo vil mercado mal fiscalizado e entregue as mais polemicas estórias de pirataria, tem se mostrado distorcido e questionado muitas vezes.

O vale-tudo nos negócios tem nivelado por baixo os contratos de prestação de serviços por causas de alguns componentes mercadológicos como a concorrência predatória e a guerra de preços, tornando vulnerável o equilíbrio da categoria o que reflete na própria atividade profissional do arquiteto. Muitos passaram de prestadores de serviços liberais para administradores de uma extensa estrutura de serviços com base tecnológica informatizada, envolvendo altos investimentos em equipamentos e programas, atualizações dos softwares e hardwares, capacitação de colaboradores, seguros por exemplo. Eles pressupõe um enfoque econômico de negócio de alto custo ao invés de considerar o retorno sobre o investimento, amortização, depreciação e outros parâmetros de administração que avaliam melhor o resultado e, portanto desonerando o custo inicial em detrimento do resultado esperado ou possível.


Nesta realidade o projeto, produto resultado da atividade dos escritórios de arquitetura, enfrenta uma nova realidade que ampliou e agregou novos valores e demandas, não só no espaço edificado, como também em questões de gerenciamento, meio ambiente, segurança, qualidade por exemplo, exigindo novos e constantes investimentos na infra-estrutura operacional e estratégica dos escritórios.


Os recém formados e com menos experiência reclamam do ensino, os formados há algum tempo reclamam das tabelas oficiais. As tabelas dos IABs regionais, dos sindicatos e da própria Asbea costumam estabelecer percentuais da ordem de 10 a 15 por cento sobre o custo total da obra. Na prática, porém, vale quem tem maior prestígio, mais experiência e por vezes maior “visibilidade social”. Criticam-se também os chamados "atravessadores" que surgem oferecendo serviços por preços muito menores, em especial nos casos de concorrências públicas. Nesse caso, os tais 10% podem chegar a baixar a 3% e até menos que isso. Para não falar dos projetistas de ocasião, “aqueles” funcionários de órgãos públicos, muitas vezes, que mediante uma quantia abaixo da estabelecidas pelas "tabelas" já mencionadas, assinam projetos elaborados por terceiros sem competência técnica ou habilitação profissional comprovada.


Há de se lembrar que honorário em termos técnicos não é salário, mas valor correspondente à prestação de serviço por parte de um profissional liberal ou intelectual, cujo trabalho autônomo, se distingue de uma tarefa braçal.


O arquiteto enfrenta, para exercer sua atividade primordial que é projetar, grandes desafios de ordem objetiva e subjetiva. O primeiro pode-se dizer o tempo, mensurável, quanto mais ágil for um escritório, menor poderá ser o preço, pois o fator tempo implica em custo. O segundo este sim imensurável é o prestígio, a confiabilidade, a eficácia, a precisão, que sem dúvida pesa. "Quanto mais experiência, maior será a garantia da qualidade do projeto” e, portanto o valor do honorário poderá ser maior.


Também há de se considerar vários tipos de clientes. O cliente de uma encomenda só e o cliente de uma incorporadora ou imobiliária, os projetos únicos e os projetos de grande porte. Alguns preferem trabalhar com nomes de prestígio; outros com nomes competentes não tão conhecidos. Em teoria, o que faria a diferença, em termos de competição de mercado, seriam a qualidade do serviço prestado e a agilidade. Mas ao que parece a credibilidade e trabalho nem sempre são sinônimos e, portanto de recompensa financeira.


O profissional de arquitetura hoje trabalha com projetos de infra-estrutura e questões interdisciplinares como com a engenharia, a saúde, o meio ambiente e os transportes. Somente o CREA prevê vinte atribuições ao profissional de arquitetura, então uma simples tabela de honorários baseada no preço da obra não preenche a necessidades do arquiteto. Pois a atividade fim, o projeto, não é mais a única a exigir competência do profissional. Como mensurar o valor de um estudo de viabilidade técnico-econômica de um empreendimento, e qual projeto ainda não existe? Como definir o valor para um estudo de impacto ambiental de um determinado projeto? As dimensões de trabalho são tais que vão desde uma simples consultoria ou assessoria técnica, estudos preliminares ou um simples croqui, até levantamentos de dados num leque de possibilidades de prestação de serviços diferenciados em dimensões de trabalho muito variadas.

Concluindo, pobre o projeto que está relegado agora a um segundo plano, frente a tantas questões mercadológicas e políticas, que o fazem parecer apenas mais um monte de papeis necessários a atender editais e outros contratos, sim por incrível que possa parecer há empreendimentos sendo executados com projetos provisórios ainda e não projetos executivos, ao invés de ser a base de discussões que venham a antecipar soluções de problemas que ainda não aconteceram, resultando em menor desperdício, custos, prazos e contendas.

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