Custo de um Projeto de Arquitetura
Há alguns dias apenas me deparei com esta matéria, escrita por Adriana Alves em 01.12.2010 no site do UOL , muito oportuna de ser lida por aqueles que estão pensando em construir.
Também escrevi a respeito em fevereiro de 2011 e agosto de 2010, neste mesmo BLOG, se puder leia, senão continue achando que...
Um bom projeto arquitetônico é fundamental para que a casa dos sonhos não se transforme em pesadelo. O receio de pagar caro pelo serviço, porém, faz com que muita gente abra mão de um arquiteto e acabe tendo transtornos na hora de construir ou reformar.
O custo de um projeto de arquitetura é mais acessível do que se possa imaginar. Embora haja diferentes sistemas de cobrança, como por metro quadrado, por horas de trabalho ou por percentual sobre o orçamento da construção, o preço de um projeto de arquitetura residencial varia em média de 5% a 12% em relação ao valor total da obra, segundo profissionais ouvidos por UOL Casa e Imóveis. Ou seja, no caso de uma construção estimada em R$ 200 mil, o trabalho do arquiteto pode custar entre R$ 10 mil e R$ 24 mil.
Os valores dos projetos oscilam de acordo com fatores como a natureza da obra (edifício residencial ou comercial, casa, indústria, etc.), a complexidade da construção, suas dimensões, nível de detalhamento, localização, volume de trabalho e serviços contratados entre outros.
Orçamento para projetos residenciais*
Escritório
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Área aproximada
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Valor (em reais)
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Escritório “Le Corbusier”
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360 m²
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53.000,00 (150,00/m²)
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Escritório “Frank Lloyd Wright”
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300 m² a 400 m² (urbana)
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43.200,00
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Escritório “Frank Lloyd Wright”
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350 m² a 500 m² (no litoral)
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63.000,00
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Escritório “Mies van der Rohe”
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350 m²
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39.400,00 (sem impostos)
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Escritório “Antoni Gaudi”
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400 m²
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32.000,00 (80,00/m²)
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Escritório “Bauhaus”
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400 m²
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64.000,00 (160,00/m²)
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Fontes: Andrade Morettin Arquitetos Associados, André Vainer, Arquitetos Associados, Enrico Benedetti Arquitetura, FGMF Arquitetos, Gustavo Calazans Arquitetura e Suíte 114 Arquitetos; os nomes que aparecem na tabela são fictícios para preservar as fontes.
Para balizar os preços cobrados, associações da categoria, como o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), estabelecem tabelas de honorários que podem servir de referência tanto para os profissionais como para os clientes. A tabela do instituto está disponível no site da entidade.
“Pela tabela do IAB-SP, o projeto responde em média por 6% do valor da obra. Essa tabela, assim como as de outras associações de arquitetos, estabelece o mínimo a ser cobrado e serve de parâmetro principalmente para concursos públicos nacionais de projetos de arquitetura, licitações e contratações do serviço público e de empresas”, afirma Rosana Ferrari, presidente do IAB – departamento São Paulo.
Quanto maior, mais barato
O custo do projeto tende a ser menor percentualmente quanto maior a área a ser construída. Além do tamanho, o tipo da obra também influencia no preço. Construir uma casa nova, por exemplo, costuma ser mais barato do que reformar. “Em geral, reforma e construção em áreas pequenas são mais complexas, por isso o custo do projeto arquitetônico tende a ser proporcionalmente mais elevado. Uma reforma pode custar até 30% mais do que um trabalho em uma obra de grandes dimensões”, explica Henrique Cambiaghi, membro do conselho deliberativo da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura).
Orçamentos de reformas*
Escritório
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Tipo de imóvel e área
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Valor (em reais)
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Escritório “Le Corbusier”
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Apartamento de 375 m²
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37.520,00 (100,00/m²)
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Escritório “Walter Gropius”
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Casa de 550 m²
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12.500,00
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Escritório “Walter Gropius”
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Casa de 350 m²
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8.000 + 10% valor gasto na obra
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Escritório “Frank Lloyd Wright”
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Apartamento de 280 m²
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17.600,00 (inclui projeto de interiores)
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Escritório “Mies van der Rohe”
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Apartamento de 350 m²
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20.000,00 (sem impostos)
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Escritório “Bauhaus”
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Apartamento
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16.000,00
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Escritório “Bauhaus”
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Casa “de vila” até 100 m²
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20.000,00
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Escritório “Mies van der Rohe”
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Casa de 350 m²
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29.500,00 (sem impostos)
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Fontes: Andrade Morettin Arquitetos Associados, André Vainer, Arquitetos Associados, Enrico Benedetti Arquitetura, FGMF Arquitetos, Gustavo Calazans Arquitetura e Suíte 114 Arquitetos; os nomes que aparecem na tabela são fictícios para preservar as fontes.
O nível de detalhamento, como a especificação de revestimentos cerâmicos e do mobiliário, e o número de projetos complementares, como sistemas de som, de iluminação e de decoração, também influenciam no orçamento. “Quanto mais detalhado for o projeto, mais horas de trabalho do arquiteto serão necessárias e, logo, maior será o custo”, observa o arquiteto André Vainer.
Em contrapartida, quanto mais detalhado for o projeto, mais fiel será o produto final. “Quanto maior o nível de detalhamento, melhor o projeto e, consequentemente, melhor o resultado da obra. Investir no detalhamento minimiza riscos de erros, de prejuízos e de frustração”, enfatiza Fernando Forte, do escritório FGMF -Forte, Gimenes e Marcondes Ferraz Arquitetos.
Elementos não palpáveis, como o trabalho intelectual do arquiteto e o desenvolvimento conceitual da obra, além da experiência do profissional, também contam na definição do orçamento. “O principal é a criação espacial, o desenvolvimento do conceito. É um trabalho valioso e infelizmente pouco valorizado no Brasil, que não tem uma cultura de projeto de arquitetura”, opina Filipe Troncon, do escritório Suíte 114.
Formas de pagamento
O pagamento dos honorários do arquiteto é parcelado conforme a conclusão das etapas do trabalho, dividido basicamente em fases como estudo preliminar, anteprojeto, projeto executivo e acompanhamento da obra.
“Todo projeto é parcelado mais ou menos no tempo que dura a obra, mas não muito mais do que dez meses”, explica Marco Donini, do escritório ArqDonini. “Normalmente, a primeira parcela é paga no momento de fechamento da proposta de orçamento, como um sinal”, acrescenta o arquiteto Gustavo Calazans.
Alexandre Brasil, do escritório Arquitetos Associados, de Belo Horizonte, ressalta que, ao término de cada fase, é importante avaliar a compatibilidade do projeto com o programa de necessidades do cliente, a funcionalidade, o dimensionamento e padrões de qualidade e a compatibilidade com os projetos complementares, como instalações (hidráulicas, elétricas, de dados, ar condicionado) e projeto de estrutura.
Optar apenas por uma das etapas do projeto arquitetônico, como um estudo preliminar ou um anteprojeto, não é uma boa saída para economizar, segundo os profissionais. “Se a pessoa quiser somente um estudo preliminar, por exemplo, sairá mais caro do que eu cobraria dentro do projeto completo, que fica em média 15% mais barato, além de garantir mais harmonia e eficácia à obra. Eu raramente aceito um trabalho se não for para fazer por inteiro para não comprometer o resultado”, comenta Vinicius Andrade, do escritório Andrade Morettin Arquitetos Associados.
“O ideal é contratar o projeto inteiro para que exista uma linha coerente de desenvolvimento. Uma das vantagens de estipular preços para cada fase é a possibilidade de cancelamento do contrato ao final de qualquer etapa, caso haja insatisfação do cliente com o arquiteto ou alguma interferência externa que impossibilite a continuidade do projeto”, complementa Célio Diniz, da DDG Arquitetura, situada no Rio.
Economia de tempo e dinheiro
Em vez de gerar economia, dispensar o trabalho de um arquiteto pode fazer com que a obra demore até o dobro do tempo para ser concluída e custe até 30% mais por erros de execução – que causam retrabalho, atraso, desperdício e assim por diante. Além disso, sem as soluções estéticas e funcionais da arquitetura, o imóvel tende ainda a ser desvalorizado comercialmente.
Portanto, como o valor destinado ao projeto arquitetônico corresponde a uma pequena parcela do custo total da obra, é um investimento que vale à pena para garantir a qualidade do imóvel e a realização de ter um espaço do seu jeito.
Para Célio Diniz, do escritório carioca DDG, a chave para uma obra com boa qualidade e custo adequado é o planejamento. Como um dos itens mais caros é a remuneração de mão-de-obra, qualquer atraso no cronograma gera custos extras. “Um projeto bem detalhado e bem planejado pode prever e evitar problemas na obra que significam custos adicionais. Existe uma tendência a se economizar no projeto contratando profissionais pelo menor preço sem se preocupar com o que ele vai desenhar. É preciso entender muito bem o que cada arquiteto oferece antes de escolher um. Não vale à pena economizar no projeto se pensarmos que ele vai definir todo o andamento da obra e custa em média até 15% do valor total do empreendimento”, pontua.
Fernando Forte calcula que um projeto bem feito pode representar uma economia de 20% a 25% no valor total do empreendimento. “Um bom projeto contribui para que a obra seja executada de acordo com o orçamento previsto e permite ao cliente organizar melhor a parte financeira”, diz. E alerta: “Desconfie se o projeto custar entre 1% e 2% do valor da obra. Certamente será um projeto de má qualidade ou o profissional acabará tirando a diferença de preço com comissão no momento da compra de materiais -a chamada reserva técnica.”
Para Henrique Cambiaghi, da AsBEA, “uma obra sem arquiteto equivale a um diagnóstico médico sem exames”. Marco Donini enfatiza que o trabalho do arquiteto vai muito além de estética. “Contratar um arquiteto não significa somente um upgrade estético na obra, mas, sim, tratar a questão da moradia com a seriedade necessária. Quando o cliente entende porque contratar um arquiteto, entende o que é viver melhor e se torna parceiro de projeto. A partir disso, não está gastando e sim investindo em economia, racionalidade e realização”.
*Sobre as tabelas
A reportagem levantou 14 orçamentos referentes a novas construções e a reformas em existentes para que o leitor tenha uma noção mais precisa dos valores praticados por escritórios de arquitetura. Foram consultados escritórios de São Paulo e um de Belo Horizonte que enviaram à redação orçamentos reais de onde foram extraídos os valores da tabela abaixo. A variação de valor se deve ao nível de experiência e infra-estrutura dos escritórios.
Os preços indicados na tabela incluem, em geral, as três etapas principais do desenvolvimento de um projeto de arquitetura:
Estudo preliminar: análise do terreno, dimensionamento da obra e definição do programa de necessidades (número de quartos, banheiros e demais ambientes que os proprietários desejam ter), levantamento da legislação local, proposta de sistemas construtivos, primeiras plantas e desenhos conceituais.
Anteprojeto: consiste no desenvolvimento completo da proposta definida no estudo preliminar. Pode incluir a compatibilização de projetos complementares (hidráulica, elétrica, telefonia, entre outros), assim como a definição de acabamentos e revestimentos. Desenhos das plantas de todos pavimentos, da planta de situação, cortes, elevações, são produzidos nesta fase.
Projeto executivo: nesta etapa, todos os desenhos produzidos no anteprojeto recebem todas as cotas e são pormenorizados os detalhes para permitir a execução da obra. Também é feita a coordenação dos projetos complementares para garantir a compatibilidade eles e entre eles e o projeto da construção.
Acompanhamento da obra: os arquitetos acompanham as obras que projetam, mas para assumirem a responsabilidade pela supervisão e responder por prazos ou pelo orçamento, por exemplo, podem cobrar.
Para supervisionar a obra ou participar de reuniões com os clientes e/ou outros projetistas, os profissionais cobram por hora de trabalho, e os valores variam bastante. Entre os escritórios ouvidos pela reportagem de UOL Casa e Imóveis há os que cobram R$ 140,00 por hora a R$ 400,00 por hora.
Outra forma de remuneração pelo trabalho de supervisionar a obra é o pagamento mensal por visitas de uma ou duas horas, semanais. Os valores chegam a R$ 1.500,00 por mês.
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