TIRADENTES - MG
I – APRESENTAÇÃO
TIRADENTES é uma cidade com altos e baixos. Não apenas por seu relevo acidentado, mas também por sua história. Encravada no sopé da Serra de São José, ela viveu momentos de glória e esquecimento, devido ao auge e esgotamento de suas minas.
O poder do ouro deu à velha Tiradentes um dos mais belos acervos barrocos de Minas Gerais, uma verdadeira preciosidade setecentista. Este acervo permaneceu escondido durante muito tempo – talvez por isso permaneceu preservado – e foi e está sendo redescoberto por visitantes do mundo inteiro.
Passado o fervor das extrações de ouro a cidade passou por um longo processo de decadência. Sua população declinou e pouco se construiu. No final do século XIX o mato crescia e quase ninguém era visto por suas ruas. Esse cenário em nada lembrava a antiga Vila de São José Del’Rei, fervoroso palco do frenesi, intrigas e murmúrios gerados pelo metal amarelo.
Quando se anda pelas estreitas ruas de Tiradentes parece ser possível ouvir as frases libertárias dos Inconfidentes, que ali se reuniram secretamente diversas vezes. Ainda é possível encontrar na cidade a entrada de vários túneis, hoje interditados, que denunciam que algo de muito secreto acontecia naqueles tempos. Estes indícios excitam a imaginação e dão um ar de mistério a esta inesquecível jóia colonial.
A situação começou a mudar no início do século XX, no momento em que alguns intelectuais redescobriram a cidade. Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1938, Tiradentes renasceu e hoje é invadida pelas mais diferentes pessoas. Os turistas chegam em busca de liberdade e uma volta ao passado. Conhecer Tiradentes é respirar história, é esquecer as frivolidades modernas (deixar o carro no estacionamento é um bom começo) e se deliciar com o jeito simples e ao mesmo tempo muito sofisticado desta cidade mineira.
TIRADENTES tem no turismo um futuro promissor. Vários eventos importantes encontram nela a locação perfeita, como a Mostra de Cinema e o Festival de Gastronomia e Cultura, quando as ruas se enchem de visitantes.
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Ponte das Forras |
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Vista sobre a Ponte das Forras |
II – HISTÓRIA
TIRADENTES surgiu com a corrida do ouro no século XVIII. Foi fundada por bandeirantes paulistas, que descobriram filões de ouro nas encostas da Serra de São José. Sendo fundada em 1702 quando o arraial recebeu o nome de Santo Antônio do Rio das Mortes, por João de Siqueira Afonso, descobridor de muitos filões de ouro na encosta da Serra de São José.
Este mesmo rio foi um dos palcos do primeiro grande conflito pela posse das jazidas de ouro: a Guerra dos Emboabas (ver Falando sobre Minas – Corrida do Ouro). As jazidas eram fartas e logo se formou um núcleo povoado nos arredores da serra. Em 1704, com a descoberta de ouro onde hoje é a cidade de São João Del Rei, na época chamada de Arraial Novo, o nosso Arraial de Santo Antonio passou a ser conhecido como Arraial Velho de Santo Antônio. E em 1718 foi elevado à Vila de São José Del Rei, homenagem ao príncipe D. José.
A cidade viveu da mineração aurífera e foi expandindo seu território. Tiradentes foi uma das cidades que mais teve ouro de superfície do Brasil, e a partir de 1789 começou o processo de desmembramento da Vila de São José Del Rei. Desta extensa Vila foram emancipados mais de cem novos municípios, como por exemplo, Conselheiro Lafaiete, Itapecerica, Resende Costa, Barroso, Prados, Santa Cruz de Minas etc...
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Matriz de Santo Antonio |
A abundância de ouro financiou uma série de obras e benfeitorias na vila. Igrejas, capelas e várias construções foram contempladas com o que de mais valioso havia nas artes (barroco e rococó). Mestres foram chamados para tocar com sua arte as construções. Aleijadinho, o maior de todos, também esteve por lá. O risco da fachada atual da Matriz de Santo Antônio foi o último executado pelo artista, em 1810. Por volta de 1750 a vila já possuía um imenso território que com o tempo foi se desmembrando em várias outras vilas e arraiais. Deste território nasceram várias cidades mineiras.
No início do século XIX as minas de ouro já estavam praticamente exauridas. A decadência se abateu sobre a vila, em nada lembrando os tempos áureos. A agricultura e pecuária não foram capazes de manter o fervor econômico. A vila adormecia para o mundo, fator que reconhecemos hoje como fundamental para a preservação de seu acervo arquitetônico. O advento da República (1889), em seu esforço para apagar qualquer lembrança dos tempos imperiais, mudou o nome da Vila de São José Del’Rei para Tiradentes. O mártir da Inconfidência Mineira dava nome a uma nova cidade. Começava um tímido processo de valorização do local.
Com a valorização da figura heróica do Alferes, a primeira atitude do governo republicano, foi a de trocar o nome de São Jose Del Rei, que era uma homenagem ao rei de Portugal, para o nome do filho ilustre, nascido em 1746 na fazenda do pombal, à margem direita do Rio das Mortes, termo desta Vila.
Em 06 de dezembro de 1889 o governador decreta “Cidade e Município de Tiradentes”
Com a decadência do ouro a cidade sobreviveu com a agricultura e extração de cal mas sem crescimento. Em 1938 o conjunto arquitetônico é tombado pelo IPHAN, e nos anos 60 Tiradentes descobre a sua vocação Turística, sendo hoje considerada um dos pólos turísticos mais importantes do País.
Em 1924 um grupo de intelectuais, participantes da Semana de Arte Moderna (1922), visitou a cidade. Ficaram encantados com o conjunto arquitetônico e artístico e foram decisivos para seu reconhecimento como Patrimônio Histórico, o que aconteceu em 1938. Bastaram algumas décadas para que Tiradentes se firmasse como roteiro obrigatório no currículo de viajantes experientes. Através do turismo a cidade renasceu com todo o seu esplendor.
III – PASSEIO
TIRADENTES oferece um ótimo circuito histórico que deve ser feito, preferivelmente, a pé. A cidade é pequena e os pontos turísticos são próximos uns dos outros. Além do mais a qualidade do calçamento não é muito boa. Por estes e outros motivos entre no espírito do lugar e tente fazer uma viagem no tempo. Passeie a pé ou cavalgando. Não será uma tarefa difícil!
Igrejas, capelas e o casario antigo compõem o circuito principal, que parte sempre do Largo das Forras, o grande ponto de encontro e centro nervoso da cidade. Na praça do Largo existem charretes com guias que circulam pelos principais pontos turísticos. Partindo pela rua Direita em direção ao Largo do Sol atingimos a Igreja de São João Evangelista e Museu Padre Toledo. O padre participou do movimento da Inconfidência e sua casa serviu a muitas reuniões do grupo que lutou pela independência do Brasil. De lá vale à pena conhecer a Casa da Cultura, onde são encontrados microfilmes de documentos históricos, ensaios de Portinari, originais do pintor Guignard, poema assinado pelo mineiro Carlos Drummond de Andrade, entre outras atrações.
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Largo das Forras |
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Igreja de São João Evangelista |
A Matriz de Santo Antônio é o ponto alto do passeio. O escultor Aleijadinho é autor do risco da fachada e a igreja é a segunda do Brasil em quantidade de ouro (quase 500 Kg), perdendo apenas para a de São Francisco de Assis, em Salvador, na Bahia. Subindo pela rua da Santíssima Trindade chega-se ao Santuário de mesmo nome. Ali o alferes Tiradentes rezava e se inspirou no símbolo da Santíssima Trindade (o triângulo), da qual era devoto, para confeccionar a bandeira da nova Nação. Esta bandeira simboliza atualmente o Estado de Minas Gerais.
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Matriz de Santo Antônio |
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Interior da Matriz |
O Chafariz São José é outra preciosidade barroca. Construído em 1749 para abastecer de água a cidade, servir para lavagem de roupas e dar de beber aos animais. é considerado o mais belo de Minas e o único que possui oratório (imagem de São José de Botas). Logo atrás do chafariz, o Bosque da Mãe D’água convida para um belo percurso junto ao aqueduto em pedra construído pelos escravos. Voltando à rua Direita chegamos à Igreja do Rosário e ao antigo prédio da Cadeia Pública, onde funciona o Museu Tancredo Neves, com exposição de Arte Sacra. Não deixe de subir até o alto do São Francisco, de onde se tem a melhor panorâmica da cidade e seu conjunto barroco. Vale conhecer também o Largo e Igreja das Mercês, a Capela de Santo Antônio do Canjica e a Capela do Bom Jesus da Pobreza, esta última no Largo das Forras.
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Chafariz de São José |
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Igreja do Rosário |
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Cadeia Pública |
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Largo das Mercês |
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Igreja das Mercês |
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Capela de Santo Antônio do Canjica |
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Capela do Bom Jesus da Pobreza |
Outro passeio imperdível é o trajeto de 12 Km até São João Del’Rei. A viagem é feita numa Maria Fumaça, locomotiva construída nos Estados Unidos no início do século XX. Além de belas paisagens, emolduradas pela Serra de São José, andar de Maria Fumaça é reviver uma época em que esses trens eram símbolos máximos de modernidade. O barulho do motor, com suas caldeiras, é uma divertida experiência. Para os mais aventureiros aconselhamos caminhadas por antigos caminhos calçados com pedras por escravos.
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São João Del’Rei |
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Maria Fumaça |
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